A pastilha é colocada dentro da caixa d’água. Duas horas depois de ingerir o inseticida, a larva fica paralisada e impossibilitada de alimentar-se e morre depois de 24h. Além disso o efeito do inseticida dura até 21 dias.
Paralelamente, a equipe da pesquisadora desenvolveu dois bioinseticidas: um contra o mosquito que transmite a malária e um contra a o transmissor da elefantíase.
- Já estamos com o edital pronto para buscar parcerias empresariais para a produção dessas formulações - adiantou a pesquisadora.
Atualmente todos os bioinseticidas usados no país são importados. A Fiocruz tem seis produtos totalmente nacionais, prontos para a fabricação em larga escala. A Farmanguinhos, que detém a patente desses produtos receberá os royalties pela comercialização e irá fiscalizar o processo de produção dos inseticidas nas empresas parceiras.
Brasileiro nos EUA - O pesquisador brasileiro Osvaldo Marinotti está desenvolvendo na Universidade da Califórnia, nos EUA, um mosquito geneticamente modificado que pode ser usado para reduzir a proliferação do Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Como apenas as fêmeas do inseto picam e transmitem a doença, além de carregar os ovos, a técnica visa a diminuir essa população.
O mosquito que está sendo desenvolvido produz uma toxina no código genético que atrapalha a formação das fêmeas, deixando-as com as asas atrofiadas e incapazes de sobreviver. Os machos, no entanto, são normais. A idéia é que os ovos com esses mosquitos transgênicos sejam colocados na natureza.
Como as fêmeas são inválidas, apenas os machos teriam capacidade de voar e transmitiriam o código genético “inseticida” à medida que cruzassem com as fêmeas. As crias resultantes desses cruzamentos teriam fêmeas defeituosas e os insetos do sexo masculino normais, para transmitir a herança genética adiante. Com a população de fêmeas reduzida, a reprodução do inseto fica prejudicada.
Segundo Marinotti, a técnica pode ser capaz de exterminar a população de Aedes aegypti em uma localidade.
- Mas mosquitos existem em todos os lugares. E mosquitos vindos de outros lugares vão repovoar aquela região - acrescenta.
Por isso, seria necessário fazer novas solturas do animal modificado para prevenir o aparecimento da doença.
O custo da técnica, segundo o pesquisador, não é muito elevado.
- Eu acho que o custo maior talvez seja com a distribuição e logística - ponderou.
Os mosquitos transgênicos estão atualmente passando por testes em “grandes gaiolas” no México. De acordo com o pesquisador, o uso do mosquito vai depender dos resultados desses testes, realizados em um sistema de contenção, sem soltar os animais na natureza.
- Esses resultados vão ser usados pelos órgão reguladores de meio ambiente e saúde pública. E vão avaliar se vale a pena e se é seguro fazer um teste em campo, em condições de soltar mosquito na natureza - explicou.
Os insetos transgênicos estarão prontos para serem testados em campo em um prazo de um a dois anos, segundo Marinotti.
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